sábado, 31 de janeiro de 2009
O Restaurante - a CAUR
Suely diz...
Quando entrei para pesquisar as comunidades da Rural, do Orkut, li muito sobre a péssima maneira como os estudantes alimentavam-se. Daí postei lá que, em minha época, havia um ótimo restaurante, servido por garções. Isso deu um reboliço em todas as comunidades como se fosse uma irrealidade. Então senti-me na obrigação de desvendar o mistério e contar como era o NOSSO restaurante; as mesas forradas com toalhas, farta comida, serviço de garçon. Somente quando foi postada uma foto do restaurante é que minha história ficou confirmada.
Para mim e para minhas amigas patiobas, as refeições eram a parte mais importante do dia pois era quando podíamos bater-papo com os amigos universitários.
Então, você estudante, professor, funcionário que tem histórias para contar sobre a CAUR e o Restaurante, venha contar aqui.
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A comida era boa sim, se eu compará-la com as outras de outras fases e situações de minha vida. Mas mesmo assim havia acidentes de percurso, como naquela ocasião em que eu vi meu bife se mexer no prato. Alertei meus colegas de mesa e eles viram também. Então eu resolvi levantar o bife e achei uma barata cascuda daquelas voadoras, e o que mais chamou minha atenção é que se tratava de uma barata albina, coisa rara de encontrar. Chamei o Tião e ele, todo envergonhado, trocou meu bife em meio a todas aquelas mesuras de malandro carioca que fazia. Quem duvidar pode perguntar a ele, ele vai confirmar essa história.
ResponderExcluirCaramba, Mendel, barata? E branca! E eu com trauma de tomar vitaminas porque achei um besouro na vitamina da cantina do Prédio I!
ResponderExcluirO bichinho entrou no copo depois de batida no liquidificador porque estava inteirinho.
De Geraldo M.Brito...
ResponderExcluirSugiro que o blog alcance um período anterior à década de 60,talvez desde de 57 ou 58.
Nesse período houve muita coisa interessante na UR,inclusive a fundação da CAUR e da FAUR, possivelmente quando deixou de haver o restaurante com serviço de BANDEIJÃO do antigo SAPS,como existia no calbouço no Rio. A briga para tirar o SAPS da UR, é digna de registro, pois até a polícia especial do Rio foi acionada. É uma luta dos estudantes do 47 que não deve ficar esquecida.Não estava lá, mas escutei muita história. Houve também a greve para a liberação da verba da CAUR,que foi marcante para a sustentação do restaurante e da boa alimentação que tinhamos. Dessa eu conheço a história e fui participante ativo,inclusive na passeata feita desde a Câmara dos Deputados- naquele tempo o Rio ainda era a capital do país- da Pça.15 até a Cinelândia,onde ficava o Monroe, que era o Senado. Qualquer hora dessas falo um pouco desse movimento.
Geraldo, o tal Walter, chefe do Serviço Escolar de quem você esqueceu o nome era o Walter Costa, vulgo WC. Depois foi o Leôncio e em seguida, já com a UR sob intervenção em 64, foi o Barreira, uma figura sinistra, sobre quem temos uma história:
ResponderExcluirNeste ano, como parte do projeto de desmoralização geral conduzido pelo interventor Pimentel Gomes, que usurpou as funções de reitor da UR, a qualidade da comida do restaurante desceu a níveis insuportáveis, ocasionando protestos dos estudantes. Um dia, o interventor, num golpe de esperteza, resolveu vir almoçar conosco "de surpresa" para verificar in loco, a qualidade da comida. Ora, é claro: o almoço foi supimpa: um franguinho assado como havia muito não tínhamos tido a ocasião de curtir. Beleza. O interventor saiu com ares de que ali não havia razões para reclamação.
Só que no dia seguinte, sem a presença do ilustre visitante, nos foi servida uma dobradinha, uma buchada que só seu fedor bastava para cortar qualquer apetite aventureiro. Achei que a coisa não podia ficar assim, era humilhante demais, então propus ao Nivaldo (Pombinha) que levássemos um prato para o interventor lá no gabinete dele. Pombinha topou, enchemos um prato fundo com buchada, cobrimos com outro prato e a minha sorte foi informar/perguntar ao Seu Manéu na saída do restaurante: "Seu Manéu, nós vamos levar isso aqui p'ro interventor, tá?" Ao que ele, de olho arregalado com a petulância e a coragem da gente, assentiu, meio incrédulo.
Fomos os dois para o gabinete lá no P1 e a secretária nos informou que o Pimentel Gomes estava voltando do Rio. Resolvemos esperar e ficamos, eu e Nivaldo, hora e meia sentados olhando o prato de buchada tapado, fermentando no calor ambiente, com medo que aquela coisa explodisse.
Finalmente o interventor chegou, sentou-se atrás da imponente mesa de ébano meio que sumido - pois que o cara era muito baixinho - e perguntou o que queríamos.
Coloquei o prato coberto na sua mesa, disse-lhe que a visita dele ao restaurante na véspera lhe tinha feito perder o prato servido nesse dia, e destapei a coisa.
Um fedor indescritível saiu daquela buchada retorcida de cor indefinida e tomou conta do ambiente. O cara chegou a sumir mais ainda atrás da mesa, com um mal disfarçado esgar de nojo no rosto. Disse que não havia necessidade de trazermos a comida, bastava a informação, ele ia ver o que fazer, blah, blah, blah, e nós fomos embora para devolver os pratos ao Seu Manéu.
Semanas depois soubemos, eu e Nivaldo, que um processo administrativo, aberto e conduzido pelo Barreira no Serviço Escolar, objetivava nossa expulsão da UR, sob a acusação de termos retirado material do restaurante sem autorização, e que foi arquivado em função do testemunho do Seu Manéu, que declarou que eu havia sim, pedido e obtido autorização para levar os pratos.
Por sua honestidade, dignidade e companheirismo, Seu Manéu passou para as alturas em nosso conceito e desejamos que lá nas alturas, onde hoje se encontra, ele esteja descansando em paz, amparado pela mão de Deus.
E que outros estejam queimando no Inferno, imersos em caldeirões de buchadas fétidas e sulfurosas.
Geraldo escreve
ResponderExcluirMendel era esse mesmo o nome do tal catinguento,os WC não são assim e êle ainda tentou impugnar minha colação de grau,declarando falta as aulas excessivas.
O Leôncio era uma mãe,calmo,tímido,simples e humilde,até dando aula transmitia isso.
O Barreira era um veterinário frustado,que sempre se esgueirou pelos departamentos da UR,tentando galgar um ponto mais alto.Só conseguiu ser foi chefe do Serviço Escolar-quem levava aquele departamento nas costas,era o Rochinha,que quebrava tosos os nossos galhos-
puxa-saco e asquereso como sempre foi.Sem ombridade e dignidade. Acho,que o Demo não aceitou a presença dêle no inferno e mandou-o pastar. Abraços.
Geraldo escreve (CAUR)
ResponderExcluirA Cooperativa dos alunos da Universidade Rural(CAUR),tem uma história de luta e dedicação.
Lá pelos anos 50,não sei determinar exatamente quando,pois isso ouvi contado por colegas da época.
Havia naquele tempo um restaurante,tipo Bandeijão,idêntico ao que havia no CALABOUÇO,alí próximo ao aeroporto Santos Dumont,administrado pelo SAPS (Serviço de Alimentação da Previdência Social). A comida oferecida não estava condizente com o objetivo,tanto em qualidade,como em quantidade.
Iniciou-se um movimento estudantil para a mudança da administração do restaurante e se fez uma greve.Tal greve tomou proporções gigantescas,que foi necessária até a presença da Polícia Especial.Porém os alunos resistiram e no final,após várias conversações,ficou determinada a abertura de concorrência pública para uma nova consecionária. Em Assembléia os
alunos formaram uma cooperativa e resolveram entrar na concorrência. No final a cooperativa ganhou,pois não visava obter lucro com a administração do restaurante e tinha a FAUR9Fazenda dos akunos da Universidade Rural),que forneceria a prelo de custos alguns alimentos como:leite,aves,ovos,verduras,legumes,carne de porco e tudo aquilo,que pudesse ser criado ou cultivado naquela fazenda.
A cooperativa cresceu e além do restaurante,administrava uma cantina(onde se vendia artigos de necessidade com lucro máximo
de 10%),uma barbearia,uma lanchonete,chamada de bar,mas não podia vender bebidas alcoólicas. Tinha um quadro de 5 a 6 garçons,1 cozinheiro chefe,o Nuvem Branca,e diversos ajudantes de cozinha,responsável pela dispensa;responxável por compras de mantimentos;um contador;1 motorista e 1 cminhão e 1 jeep.Administrava ainda a Padaria,onde trabalhavam 2 funcionários. Era uma emprêsa bem grandinha para aquele tempo.
Apesar de toda essa estrutura,em 59 as verbas destinadas pelo convênio,começaram a atrasar eapós 3 meses sem recebe-las,só houve a opção de realizar uma greve.O que foi feito pelos diretóris acadêmicos,já que a cooperativa não tinha autonomia para isso.Após uma Assembléia,foi decretada a greve.
O plano para enfrentar esse período de greve,já tinha sido todo esquematizado. Os alunos que morassem no Rio,tivessem parentes naquela cidade e os que moravam na região ou pudessem ir para casa,que o fizesem; os que não tivessem como sair da universidade,foram acolhidos para fazer alimentação nas casa de professores,técnicos e funcionários,que deram todo apôi ao movimento.Teve família,que recebeu até 4 alunos por dia,para café,almoço e jantar.Os demais um pequeno grupo,que compunha a Comissão de greve,me inclui nesse grupo,embora tivesse para onde ir no Rio,mas quis participar de todo o processo.Esse grupo almoçave ainda no restaurante,com o pequeno estoque de comida existentes,Essa comissão,que era formada por umas 30 pessôas,tinha sub-comissões para resolver problemas específicos.Ninguém ficava parado,quando havia necessidade se unia a outras comissões para colaborar.A comissão de arecadar alimentos,conseguiu,não sei onde,um bufalp,que foi o melhor churrasco que comi em minha vida.;criadores e fazendeiros da região doavam porcos,aves,frutas e uma série enorme de alimentos.
Passadas 2 semanas partimos para uma paseata no Rio,naquela época capital federal,os colegas que estavam por lá,foram avisadoe e conclamados a se juntarem ao grupo.
De ônibus,saímos do 47 e na confluència da Av.Presidente Vargas e Uruguaiana,descemos dos ônibus e os colegas que estavam no Rio,se juntaram a nós. Dalí,em passeate,fomos até a 7 de setembro,descemos para a pça.15,onde funcionava a Câmara federal,a comissão de greve foi recebida por alguns deputados,onde expuseram a situação. Dalí pela rua da Caríoca.pagamos a Rio branco e alí no palácio
do Monroe,onde funcionava o senado,fomos recebidos por alguns senadores,que se comprometeram a resolver a situação.
Voltamos para os ônibus e em direção a a UR. Cansados,mas felizes pelo dever cumprido.
Aproximadamente uma semana depois,a verba estavam chegando as verbas em atraso e tudo voltou a normalidade.
De todos os movimentos estudantis de que participei,esse,sem dúvida,foi o mais bomito e muito bem organizado.
Por essas participações na cooperativa,na minha vida profissional fui ,e ainda sou,um grande incentivados do cooperativismo.
É uma pena,que a luta para a formação e continuidade da CAUR,tenha se perdido no tempo e ela,acho,sumiu ou pelo menos desativou.É uma pena!
Meudesejo,era um dia poder passar isso para os colegas,principalmente,os mais novos e e,acredito,até muitos do nosso tempo não tenham conhecimento disso. Abraços.
Geraldo, teu comentário sobre a CAUR é excelente! Muito importante preservar essas informações. As novas gerações de ruralinos vão provavelmente ler o que você escreveu com incredulidade, pois a hecatombe cultural que se abateu sobre o mundo nas últimas décadas destruiu o espírito de mutirão, tão característico de nosso tempo. Dá p'ra entender o por quê de tantas outras coisas terem mudado para pior: as pessoas se transformaram elas mesmas em objetos de consumo.
ResponderExcluirGeraldo escreve
ResponderExcluirMendel,obrigado pelo comentário. Há muito estava tentando passar essa história para os nossos colegas,mas não sabia como.O blog veio solucionar esse problema,já que é um instrumento de alcance coletivo. Também uma matéria dessas não caberia num e-mail.
Essa imagem de solidariedade,mutirão e coletividade eram bem caracteristicas de nossa época.A coisa começou a mudar,acredito,após a era dos "dedos-duros",que jogaram para o alto tôda aquela confiança,que rinhamos nos colegas.Aquele pacto de honra para mantermos o grupo unido independentemente de credo plítico,religioso ou esportivo.Aquele clima de leberdade com responsabilidade passou a ser menosprezado pelas gerações subsequentes.É uma pena,que tenha sido assim,mas isso foi provocado em todo o país por aquele govêrno pusilanime,que chefiou,digo chefiar por não ser governar,mais de 20 anos,castrando as lideranças jovens e criando nas novas gerações
um espírito de alienação. O que aconteceu com o Lorenzetti,Paixão e o dorremi,principalmente,foi uma vergonha. O primeiro alguns anos depois deu fim a sua própria vida;o Paixão até hoje não conseguiu se formar,embora estivesse no último ano;e quanto ao terceiro não tenho notícias.
Faço votos,para que as próximas gerações tenham forças para lutar contra qualquer tipo de totalitarismo. Abraços.
Suely escrev e...
ResponderExcluirGeraldo que depoimento emocionante. Quem chegou, como eu, em 1960 não poderia imaginar que alguns meses antes vocês passaram por tudo isso. Tenha certeza que as novas gerações saberão disso. De alguma maneira saberão.
Como foi a passagem de um ótimo serviço em 1960 para o que o Mendel descreveu em 1964.
Quando saí, em março de 1962(pois fiz um curso nas férias), já estavam colocando umas roletas na saída. Algumas coisas já estavam mudando.
Suely escreve...
ResponderExcluirUm pouquinho de amenidades: Em 1961 uma colega foi pegar o paliteiro e a tampa estava desatarrachada fazendo com que os palitos caíssem. A colega, patioba, achou que não deveria recolocar os palitos de volta pois achou anti-higiênico. Daí, enquanto conversava, armou uma fogueirinha com os palitos. No dia seguinte estava suspensa por três dias do restaurante.
A colega diz que não se lembra do fato então não vou mencionar, por enquanto, seu nome.
Geraldo escreve
ResponderExcluirJá que estãqo falando d4e acontecimentos no restaurante,vou vender meu peixe. Lá vai:
Havia uma estudante de veterinária,a Dorotéia,catarinense,loura,magra,olhos muito azuis,não era bonita e tinha uma voz grossa como de homem.Era muito amigo dela e muitas vezes,quando vinhamos saíndo da aula nos encontravamos no caminho-ela vindo do hospital veterinário e eu da biologia ou doP1-e vinhamos abraçados ou de mãos dadas,como se fossemos namorados.No entanto só era amizade.
Numa dessas vezes,que vinhamos para o almoço,entramos juntos no restaurante e nos sentamos naquela mesa,que ficava ao lado da roleta de saída.
Havia um patiobinha -chamo-a assim,por não lembrar o nome e por ser muito bonitinha,baixinha e meia rechochudazinha. Ela sabia através de outras colegas dela,que queria namorar comigo.Eu apesar de gostarmuito dela como amiga,conversavamos bastante,não tinha a menor intenção de namora-la,já que era muito novinha enão queria provocar nela pensamentos casadouros. Essa colega dela me dizia,que eu não namorava com ela,por causa da Dorotéia,que me conquistara.Um dia o pai e a mãe dela,êle português,comerciante em Campo grande,foram almoçar lá no restaurante e ela me chamou para sentar à mesa com êles,para que me conhecessem.Sentei conversei e dpois nunca mais os vpi.Mas ela me disse,que êles gostaram muito de mim;
Voltando a Dorotéia,um dia como costumava acontecer,vinhamos juntos para o almoço,entramos no restaurante.Sentamo-nos naquela mesa junto a roleta de saída,sentando a
Dorô na cabeceira de trente para a cozinha,eu a sua direita e sentada a minha frente a patiobinha,que já estava lá e mais três pessôas. Começamos a comer e,de repente,Dorotéia com aquela voz grossa e imponente exclama,betendo o pé no chão com força: PASSA FORA CACHORRA! euestava comendo,levantei a cabeça e ví a patiobinha,se levantando e saíndo,deixando o prato cheio,numa desabalada carreira. Perguntei o que aconteceu? Dorô dise não sei eu bati o pé para espantar essa cachorra,que entrou no restaurante,Olhei para trás e ví uma cachorra amarela,que vivia alí rondando o restaurante e os alojamentos saindo. A cadela havia entrado e se deitara atrás de mim,encostada na parede do balcão,que tinha alí.Perguntei as outras colegas dela o que tinha havido com a garôta e elas também não sabiam. Acabei de comer,saí e fui procurar saber o que tinha acontecido. Ela estava na sala da TV,chorosa e tremendo e me disse,que a Dodotéia tinha chamado ela de cadhorra e mandado-a embora. Me segurei para não rir,expliquei a ela o que havia acontecido
e ela ficou tôda desteinada. Dorotéia veio me perguntar do sucedido,aí expliquei tudo a ela e
foi falar com a garôta. Como Dorotéia era uma pessôa muito legal e reservada,combinamos não comentar o fato com ninguém,para preservar a garôta.Senão,todas caíriam de gozação em cima dela.Hoje conto isso,por nãop mais a ter visto desde que saí da escola e já são passados muitos anos.Caso ela ainda se lembre do fato,deverá estar dando muita risada pela ingenuidade. Abraços.
Geraldo escreve
ResponderExcluirO Mendel tem uma tendência imãntizada,para encontrar insetos albinos.Além da barata(isso é como achar elefante branco),achou também uma aranha albina,por isso o apelido de "aranha".Êle poderia ser pesquisador nessa área.
Um grande abraço para você Mendel,sabe que tenho uma grande adimiração por você,né?
Um grande abraço para você e todos.Geraldo.
É verdade, Geraldo, e certamente essa circunstância se deve ao fato de que antes mesmo de ir para a UR eu já colecionava insetos para o museu de minha escola, e vivia na Floresta da Tijuca coletando espécimes. Só que ao contrário do caso da aranha (segundo o prof. Eugênio, uma Epicarus heterogaster albina), eu não encontrei a barata, foi ela que me achou.
ResponderExcluirAliás, é uma boa oportunidade para registrar que devo ao professor Eugênio Izecksohn algumas das mais belas ocasiões que vivi, quando durante várias noites eu ia em sua companhia coletar sapos e cobras no banhado que existia atrás da Ecologia. Entrávamos naquelas lagoas após as chuvas com água pela cintura portando lanternas e em meio a uma verdadeira sinfonia de sons de sapos, insetos, pererecas e sei lá eu o que mais, ele apurava o ouvido e me dizia baixinho: estou ouvindo uma fulana do gênero sicrano, imitava seu som e perguntava "está ouvindo?" e eu não acreditava, pois não dava para distinguir um pio de um suspiro em meio àquela confusão e volume de sons. Pois o Eugênio ia na direção certa e com a lanterna acabava descobrindo a perereca minúscula, do tamanho de uma unha de polegar e a coletava. O cara era um fenômeno, um Eu-gênio mesmo. Aquelas noites eram lindas, eu aprendi muito com ele e coletei muito bicho para o museu dele, além de pegar alguns resfriados para mim mesmo. Mas nunca esqueci a experiência de vagar tranqüilamente banhado adentro no meio daqueles arbustos vendo cobras fugindo, nadando ao meu lado.
Suely diz...
ResponderExcluirSó assim soube porque Aranha? Pensei que o apelido do Mendel fosse por causa do personagem do Bolinha.
E É MESMO!
ResponderExcluirÉ que ninguém tinha acreditado que eu tinha coletado uma aranha branca, pois o professor Eugênio disse que tal coisa não existia. Como eu calei o bico e na aula seguinte trouxe a aranha matando o pau e mostrando a cobra, digo, a aranha, o pessoal começou a me chamar de aranha. Eu não gostei, mas como era fã do Bolinha, botei um "O" antes do apelido e virei "O Aranha", personagem misterioso que de vez em quando "atacava outra vez".
O disfarce mais sensacional do detetive "O Aranha" (o Bolinha), foi quando ele amarrou um despertador na cabeça e uma barba no queixo e disse que estava disfarçado de "relógio antigo".
Ah,Mendel, eu lia todas as histórinhas do Aranha cujo alvo principal era o pai da Lulu.
ResponderExcluirSuely disse... Tião, o garçon, tinha uma memória visual incrível. Quando uma patioba ficava doente a gente levava a comida no quarto para ela. E o Tião sabia qual das patiobas estava faltando à refeição.
ResponderExcluirObs.:olocar em Burlando as regras uma boa sobre restaurante e Conceição.
A PERERECA VAI AO ENCONTRÃO!
ResponderExcluirEm relação ao comentário que fiz acima, sobre quando Eugênio Izecksohn me levava à noite para catar espécimes nos pântanos que ficam atrás dos prédios da “Ecologia”:
Leio no O Globo Online de hoje:
RIO - Ela tem dois centímetros. Mas está na frente de gigantescos tratores, caminhões e escavadeiras usados na construção do Arco Metropolitano. E quem ousa passar por cima dela? A maior obra pública em andamento no Rio - 77 quilômetros de pistas que ligarão Itaboraí ao Porto de Itaguaí -, orçada em R$ 1 bilhão, parou pela força da pequena Physalaemus soaresi. Trata-se de uma perereca rara e ameaçada de extinção, que não tem nome popular. Ou melhor, não tinha: os operários da obra já a apelidaram de Norminha, a personagem poligâmica da última novela da oito.
A soaresi vive numa área de 4,9 milhões de metros quadrados da Floresta Nacional Mário Xavier (Flonamax), em Seropédica, entre a Rodovia Presidente Dutra e a antiga Rio-São Paulo. Desde sua identificação em 1965 naquela área, jamais foi localizada em outro lugar do planeta. O arco vai passar no meio da floresta - que perdeu a vegetação original -, ocupando 80 mil metros quadrados (1,6% do total).
Esta semana, a Secretaria estadual de Obras, responsável pelo arco, que faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento, do governo federal, foi informada sobre a espécie pelos administradores da Flonamax e aceitaram interromper a obra. Técnicos da secretaria estudavam retirar a perereca e adaptá-la a outro local. Mas um estudo mostrou que o animal está na fase de reprodução, num período chamado "canto nupcial".
Pensei cá comigo: eu conheço essa perereca. Fui pesquisar e não deu outra! A dita cuja é da família Leiuperidae, classificada pelo Eugênio em 1965. Seu nome científico é portanto Physalaemus soaresi Izecksohn, 1965 .
Fonte: Izecksohn, E. 1965. Uma nova espécie de "Physalaemus" Fitzinger, do Estado do Rio de Janeiro (Amphibia, Anura). Revista Brasileira de Biologia 25: 165-168.
A perereca vai poder vir ao Encontrão!
Olá, Mendel!
ResponderExcluirFiquei muito emocionada com seu texto sobre o professor Eugênio. Fui aluna dele, mas não tive uma proximidade tão grande, a não ser pelo fato de ter estudado com o Sergio, filho dele. Então, de vez em quando ia até sua casa. Mas foram raras, essa vezes.
Não pesquisei com ele, o que deve mesmo ter sido uma experiência fantástica.
Enfim, ele é um dos meus exemplos favoritos, quando quero falar de amor ao ofício com meus alunos. Eles morrem de rir quando digo que ele classificou a menor perereca do mundo. A garotada não esquece esta aula...
E sim... vamos levar a perereca ao Encontrão!
Esqueci de me identificar devidamente... sou Marise Monteiro da comuna...
ResponderExcluir:)
Marise, que prazer ter você aqui conosco. Seja bem vinda!
ResponderExcluirMarise, o Eugênio informou há cerca de mês e meio que por problemas de saúde ele não poderia ir ao Encontrão, e que portanto, a perereca não iria aparecer por lá. Eu lhe respondi dizendo que até lá ele estaria bem e que certamente viria se encontrar conosco. Estou torcendo p'ra isso.
ResponderExcluirEugênio é uma das minhas lembranças mais queridas da UR. Sempre tive por ele um grande carinho.
Caso ele não venha, eu e você (você vai, não é?)poderemos representá-lo, certo? Ele estará conosco em espírito.
Abraço.